Pages

Subscribe:

BTN

segunda-feira, 5 de março de 2012

Meio ambiente


Madeira de lei fora da lei
Em investigação sigilosa, o Greenpeace descobriu que a Asia Pulp and Paper, terceira maior produtora de papel do mundo, continua desmatando ilegalmente e pondo em risco espécies já ameaçadas.
 
O Greenpeace apresenta ao mundo mais um capítulo da luta contra a destruição das florestas tropicais da Indonésia. Em um ano de investigação sigilosa, foi descoberto que a terceira maior produtora de papel e celulose do mundo, a Asia Pulp And Paper (APP), tem violado sistematicamente a lei da Indonésia para proteção das madeiras de lei – espécies mais resistentes empregadas principalmente na construção civil, a exemplo do Mogno –, e a lista de árvores protegidas internacionalmente, definida na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora (CITES, na sigla em inglês).
O escândalo expõe importantes marcas como Xerox, National Geographic e Danone, como compradores e multiplicadores dessa cadeia criminosa.
Ao longo do ano de 2011 foram feitas inúmeras visitas à fábrica Indah Kiat Perawang, da APP, onde numerosas toras de madeira de lei foram encontradas, misturadas a outras espécies da floresta à espera de terem sua polpa – a celulose – retirada.

Foram colhidas amostras de 46 exemplares, que tiveram a ilegalidade confirmada pelo internacionalmente reconhecido Instituto de Tecnologia e Biologia da Madeira, da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.
“Pegamos a Ásia Pulp and Paper em flagrante. Esta investigação mostrou que a sua principal fábrica de celulose é recheada de madeira de lei retirada ilegalmente. Isso mostra como é contraditório o seu pedido público por uma “Tolerância zero” para a madeira ilegal”, afirmou Bustar Maitar, diretor da Campanha de Florestas do Greenpeace Indonésia.
A análise do Greenpeace mostra que, desde que a retirada de madeira de lei foi proibida em 2001, pelo menos 180 mil hectares da floresta de turfa da Sumatra – uma área que corresponde a mais de duas vezes a cidade de Nova York – foram desmatados em concessões agora controladas pela APP. Essas florestas são um habitat crítico para as madeiras de lei, bem como para espécies em perigo, incluindo o tigre de Sumatra, do qual restam apenas 400 hoje soltos na selva.

Como parte da investigação, grandes empresas têm sido implicadas no escândalo internacional envolvendo a destruição das florestas tropicais pela APP. Testes independentes e pesquisas fornecidas feitas em produtos de papel de empresas como Xerox, Walmart, Acer mostram que eles contêm fibras de florestas tropicais da Indonésia. Estes produtos foram fabricados utilizando papel fornecido pela usina Indah Kiat Perawang, a mesma denunciada por posse de madeira de lei ilegal.
“A APP está minando o Estado de Direito na Indonésia. O Greenpeace pede ao governo para apreender imediatamente todas as toras de madeira de lei ilegais em operação pela APP na Indonésia. As evidências foram fornecidas às autoridades para ajudar em seus esforços para melhorar a governança no setor. Qualquer empresa que compre da APP deve se distanciar deste escândalo florestal e parar de comprar dela até que torne limpas as suas transações”, concluiu Maitar.
O relatório da investigação do Greenpeace foi entregue ao Ministério do Meio Ambiente do país, e também será passado à polícia indonésia. Clique aqui para ter acesso ao documento em inglês.

Desmatamento

Novo Código Florestal deve anistiar 75% das multas milionárias
A aprovação do novo Código Florestal, prevista para esta semana, deve levar à suspensão de três em cada quatro multas acima de R$ 1 milhão impostas pelo Ibama por desmatamento ilegal, informa reportagem de Lúcio Vaz e João Carlos Magalhães, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
A Folha obteve a lista sigilosa e atualizada das 150 maiores multas do tipo expedidas pelo órgão ambiental e separou as 139 que superam R$ 1 milhão. Dessas, 103 (ou pouco menos que 75%) serão suspensas, se mantido na Câmara o texto do código aprovado no Senado. Depois, segue para a sanção da presidente Dilma Rousseff.
Pelo texto, serão perdoadas todas as multas aplicadas até 22 de julho de 2008, desde que seus responsáveis se cadastrem num programa de regularização ambiental. As punições aplicadas depois disso continuarão a valer.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Preserve o que é nosso!!!

Ciências e Tecnologia


A (falta de) ciência no Código Florestal
A ex-ministra Marina Silva fez coro aos demais e pediu posicionamento. “Devemos dar o reforço político que a presidente Dilma precisa para cumprir as suas promessas e não permitir a aprovação dessas mudanças.

 
Seminário na Câmara dos Deputados alerta sobre os riscos da aprovação do novo Código Florestal. Relator Paulo Piau diz que no texto não há abertura para novos desmatamentos. Foto: ©Greenpeace/ Nathália Clark
Se aproxima a data prevista para a última votação, antes de ir à sanção presidencial, do novo Código Florestal, que de florestal não tem lá muita coisa.

Em dezembro passado, a Câmara dos Deputados adiou a deliberação para o dia 6 de março, semana que vem. Durante todo o debate, que durou mais de dois anos, pesquisadores alertaram sobre os impactos das mudanças propostas, e frisaram que produção e preservação não são inconciliáveis.

Mas todo esse trabalho foi ignorado, resultando num projeto de lei que acaba com a proteção das florestas e só funciona aos interesses de um único setor – o agronegócio brasileiro. Uma boa legislação é aquela que consegue unir os dois lados.

Com intuito de tentar, mais uma vez, abrir os olhos dos deputados, o Comitê Brasil em Defesa das Florestas, que congrega várias organizações da sociedade civil, inclusive o Greenpeace, realizou na tarde desta terça-feira, junto com a Frente Parlamentar Ambientalista, o seminário “Código Florestal e a Ciência: o que os nossos legisladores ainda precisam saber”.

O evento reuniu pesquisadores e cientistas na Câmara dos Deputados, em Brasília, além do deputado Paulo Piau (PMDB-MG), relator do projeto na Casa.

Em sua fala, Piau afirmou que o projeto do novo Código não estimula novos desmatamentos, e que "o meio ambiente reinará absoluto dentro do setor produtivo".

Ele não esteve presente durante as apresentações, quando a ciência e os especialistas puderam mais uma vez mostrar que há sim abertura para a devastação, e os impactos catastróficos das mudanças propostas.

Os palestrantes lembraram que o conteúdo do projeto não pode mais ser alterado nessa etapa do processo, apenas alguns artigos podem ser suprimidos. O que resta à sociedade, então, é a mobilização. Com a clara posição do relator a favor da bancada ruralista, apenas a presidente pode tomar uma atitude, cumprindo com suas promessas e vetando o desmatamento e a anistia.
A hora da manifestação popular
O diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, fez parte da mesa de abertura do debate e assinalou que, caso aprovado, tanto o texto da Câmara quanto o que veio do Senado, ou mesmo um híbrido dos dois, fará com que a disputa em campo aumente drasticamente, fazendo cada vez mais vítimas desse processo na Amazônia, como o casal de ambientalistas morto no Pará.

“O que está em discussão aqui não é só o Código Florestal, mas o divórcio entre a Casa do povo brasileiro e a opinião pública da sociedade, que já deixou claro que é contra o projeto. O papel dessa Casa é ouvir, discutir. E nós somos o tambor que move essa casa. Se for aprovado aqui, a matéria cairá nos braços da Dilma, e a sociedade precisa se mobilizar”, frisou Adario.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), presente no evento, também solicitou a ação popular. “Temos que enfrentar esse inimigo muito poderoso, que são as forças atrasadas desse Parlamento. O projeto, que já é ruim, pode ainda piorar e a correlação de forças é perigosa.

Tomara que haja depois desse seminário uma movimentação para não apenas reduzir danos, mas tentar garantir um futuro para o Brasil. Com respeito e responsabilidade podemos dar ao Brasil o Código que ele merece. Para todos, não só para alguns.”

A ex-ministra Marina Silva fez coro aos demais e pediu posicionamento. “Devemos dar o reforço político que a presidente Dilma precisa para cumprir as suas promessas e não permitir a aprovação dessas mudanças. Queremos o veto ao novo Código.”

Fonte: