Código Florestal: Câmara
aprova alterações de relator que não punem desmatador
Protesto contra o relatório do deputado Paulo Piau
no plenário da Camara dos Deputados nesta quarta-feira (25)
Por 274
votos a favor, foram aprovadas as alterações feitas pelo relator Paulo Piau
(PMDB-MG) ao texto do Código Florestal do Senado. Votaram contra 184
deputados e dois se abstiveram. Com isto, o Código libera benefícios e crédito
agrícola para quem desmatou, tira a proteção em torno de nascentes de rios e
anistia desmatamentos em topos de morro e manguezais, áreas consideradas sensíveis.
O texto
retira artigo que impedia o recebimento de crédito agrícola por produtores que
não promovessem a regularização ambiental em cinco anos, a partir da data de
publicação da lei. Para os ambientalistas, o texto do Piau não pune mais quem
demorar para se legalizar e não incentiva que os desmatadores regularizem suas
propriedades. Além disso, o texto aprovado tira artigo do Senado que dizia que
"benefícios previstos não poderão ser concedidos a imóveis onde tenha
ocorrido supressão ilegal de vegetação nativa após julho de 2008".
Ainda
segundo os ambientalistas, os Estados não estão capacitados para definir quais
são as produções consolidadas que podem permanecer nas áreas desmatadas e como
deve ser o reflorestamento, quando for o caso. Eles acreditam o prazo de cinco
anos é curto para que os Estados criem, aprovem e coloquem em prática este
programa de regulamentação.
Além
disso, o texto traz de volta trecho do texto da Câmara, que conta as APP (Área
de Preservação Permanente) como Reserva Legal e permite contar regeneração,
recomposição e compensação como área a ser preservada.
Deputados
estão reunidos em plenário desde a manhã desta quarta-feira (25) para debater e
votar a reforma que altera a legislação nacional sobre florestas e vegetação
nativa em propriedades privadas. A lei já tramita no Congresso há 12 anos e foi
aprovada ano passado em ambas as Casas. Agora o texto vai para sanção da
presidente Dilma Rousseff.
A votação
foi nominal porque as bancadas do PSB, PC do B e PP racharam e os líderes
destes partidos liberaram seus deputados para votar como quisessem, agradando
ou ao governo federal ou o seu eleitorado local. O PT, PRB, PV e PSOL votaram
pelo texto do Senado.
O novo
parecer retira a divisão por categorias dos produtores rurais para recebimento
de incentivos, por acreditar que esta não é a função do Código, e dispensa a
proteção de 50 metros em torno de veredas (nascentes e várzeas de rios e região
com maior abundância de água na caatinga) deixando apenas as veredas como APPs.
Segundo ele, esta faixa no entorno seria muito grande e só a preservação da
nascente já seria um grande avanço. Ele ainda elimina um dispositivos que
vinculava destinação de recursos à recomposição.
Mantida
proteção para margens de rios com até 10m de largura
Anteriormente,
os deputados já tinham aprovado os trechos do texto do Código Florestal do
Senado que foram mantidos pelo relator na Câmara. Isto inclui a necessidade de
recomposição de vegetação em 15 metros das margens de rios de até 10m de
largura e a desobrigação para o pequeno proprietário de recompor suas áreas
desmatadas até 2008. Estes artigos tinham sido retirados do parecer do
peemedebista, voltaram após ser apontada irregularidade, e geraram grande
polêmica.
Os
proprietários de terra de até 4 módulos fiscais (que varia de tamanho de acordo
com o Estado) têm a prerrogativa de manter o desmatamento até 2008. Quando este
artigo foi retirado inicialmente por Piau, ambientalistas temeram que o
benefício fosse subentendido para todas as propriedades.
As
faixas de recuperação ao longo de rios com largura acima de 10 metros
permanecem temporariamente indefinidas. No texto do Senado este valor era
definido, mas do da Câmara, aprovado em maio de 2011, não. Agora eles votam se
os trechos retirados do Senado pelo relator voltam ou não.
Todos os
partidos concordaram em aprovar o texto do Senado, com exceção do PSOL e do PV
que entraram com obstrução.
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