Operação Xinane tem por objetivo garantir a presença na região que vem sendo usada por traficantes na fronteira com o Peru
Tráfico internacional de drogas, exploração ilegal de madeira e execução de índios isolados são os problemas que assolam a região onde funciona atualmente a Base Xinane da Frente de Proteção Etnoambiental Envira da Funai localizada a 20 quilômetro da fronteira com o Peru.
Duzentos homens do Exército e três helicópteros compõem a operação, que tem por base o 4º Batalhão de Infantaria e Selva, 4º BIS, em Rio Branco.
A invasão no local vem sendo denunciada pelos seringueiros, ribeirinhos e povos indígenas da reserva do rio Amônia desde a década de 1990, mas até a implantação da base da Funai, nenhuma providência efetiva havia sido tomada.
Em 2005, o antropólogo Terry Aquino e o sertanista José Carlos Meirelles informaram que peruanos e chineses estavam explorando madeira, na área localizado dentro do Brasil onde vivem em isolamento voluntário os indígenas Mashco Piro.
Em agosto de 2011 O sertanista José Carlos Meirelles informou que a Frente Envira havia sido tomada por uma força paramilitar estrangeira, composta por traficantes acompanhados de índios recém contatados no Peru.
A partir dessa denúncia a polícia federal deslocou-se para a região e com a ajuda dos mateiros que seguiram os rastros, conseguiu prender Joaquim Antônio Custódio Fadista, 60, condenado por tráfico de drogas pela Justiça do Maranhão, Ceará, bem como no país Luxemburgo.
Após a operação, a polícia federal lacrou a base que foi arrombada poucos dias depois, motivando a ida do Batalhão de Operações Especiais que encontrou num acampamento pedaços de flechas dos índios isolados em uma mochila.
Segundo os sertanistas, mesmo com a presença do Bope na base, era possível ouvir tiros dentro da mata.
Depois da saída dos agentes federais, a recomendação era de evacuação do posto avançado, mas o sertanista José Carlos Meirelles e outros servidores preferiram continuar na região com o objetivo de garantir a preservação dos índios isolados.
Em seguida, a Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) divulgou uma nota protestando contra a falta de atenção do governo federal para a possibilidade de conflito com índios arredios na região de fronteira, situação que seria causada pelos narcotraficantes peruanos que estariam expulsando os nativos da Amazônia peruana para a brasileira.
A entidade ainda explicou que desde 2000 os sertanistas registram a migração de nativos isolados.
Os indigenistas suspeitam que os traficantes já teriam matado índios arredios. Para provar o homicídio, eles alegam que Fadista, o português preso pela PF, estava com uma bolsa em que foram encontradas flechas indígenas.
Depois que as buscas cessaram o indigenista José Carlos Meirelles e o filho dele permaneceram na base. No final de agosto uma comissão de Ashaninkas, formada por 15 homens armados confirmaram mais uma vez a invasão de madeireiros peruanos e chineses em terras brasileiras e oficiaram o fato ao Itamaraty.
A operação desencadeada pelo Exército nesta sexta-feira, 16, sob o comando do general Poty, comandante da 17ª brigada de Exército da Amazônia, tem por objetivo intimidar os invasores e traficantes e garantir a presença física do exército brasileiro na área de narcotráfico, assim como prestar assistência humanitária a indígenas e ribeirinhos, isolados no meio da selva.
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