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sexta-feira, 2 de março de 2012

Ciências e Tecnologia


A (falta de) ciência no Código Florestal
A ex-ministra Marina Silva fez coro aos demais e pediu posicionamento. “Devemos dar o reforço político que a presidente Dilma precisa para cumprir as suas promessas e não permitir a aprovação dessas mudanças.

 
Seminário na Câmara dos Deputados alerta sobre os riscos da aprovação do novo Código Florestal. Relator Paulo Piau diz que no texto não há abertura para novos desmatamentos. Foto: ©Greenpeace/ Nathália Clark
Se aproxima a data prevista para a última votação, antes de ir à sanção presidencial, do novo Código Florestal, que de florestal não tem lá muita coisa.

Em dezembro passado, a Câmara dos Deputados adiou a deliberação para o dia 6 de março, semana que vem. Durante todo o debate, que durou mais de dois anos, pesquisadores alertaram sobre os impactos das mudanças propostas, e frisaram que produção e preservação não são inconciliáveis.

Mas todo esse trabalho foi ignorado, resultando num projeto de lei que acaba com a proteção das florestas e só funciona aos interesses de um único setor – o agronegócio brasileiro. Uma boa legislação é aquela que consegue unir os dois lados.

Com intuito de tentar, mais uma vez, abrir os olhos dos deputados, o Comitê Brasil em Defesa das Florestas, que congrega várias organizações da sociedade civil, inclusive o Greenpeace, realizou na tarde desta terça-feira, junto com a Frente Parlamentar Ambientalista, o seminário “Código Florestal e a Ciência: o que os nossos legisladores ainda precisam saber”.

O evento reuniu pesquisadores e cientistas na Câmara dos Deputados, em Brasília, além do deputado Paulo Piau (PMDB-MG), relator do projeto na Casa.

Em sua fala, Piau afirmou que o projeto do novo Código não estimula novos desmatamentos, e que "o meio ambiente reinará absoluto dentro do setor produtivo".

Ele não esteve presente durante as apresentações, quando a ciência e os especialistas puderam mais uma vez mostrar que há sim abertura para a devastação, e os impactos catastróficos das mudanças propostas.

Os palestrantes lembraram que o conteúdo do projeto não pode mais ser alterado nessa etapa do processo, apenas alguns artigos podem ser suprimidos. O que resta à sociedade, então, é a mobilização. Com a clara posição do relator a favor da bancada ruralista, apenas a presidente pode tomar uma atitude, cumprindo com suas promessas e vetando o desmatamento e a anistia.
A hora da manifestação popular
O diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, fez parte da mesa de abertura do debate e assinalou que, caso aprovado, tanto o texto da Câmara quanto o que veio do Senado, ou mesmo um híbrido dos dois, fará com que a disputa em campo aumente drasticamente, fazendo cada vez mais vítimas desse processo na Amazônia, como o casal de ambientalistas morto no Pará.

“O que está em discussão aqui não é só o Código Florestal, mas o divórcio entre a Casa do povo brasileiro e a opinião pública da sociedade, que já deixou claro que é contra o projeto. O papel dessa Casa é ouvir, discutir. E nós somos o tambor que move essa casa. Se for aprovado aqui, a matéria cairá nos braços da Dilma, e a sociedade precisa se mobilizar”, frisou Adario.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), presente no evento, também solicitou a ação popular. “Temos que enfrentar esse inimigo muito poderoso, que são as forças atrasadas desse Parlamento. O projeto, que já é ruim, pode ainda piorar e a correlação de forças é perigosa.

Tomara que haja depois desse seminário uma movimentação para não apenas reduzir danos, mas tentar garantir um futuro para o Brasil. Com respeito e responsabilidade podemos dar ao Brasil o Código que ele merece. Para todos, não só para alguns.”

A ex-ministra Marina Silva fez coro aos demais e pediu posicionamento. “Devemos dar o reforço político que a presidente Dilma precisa para cumprir as suas promessas e não permitir a aprovação dessas mudanças. Queremos o veto ao novo Código.”

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